Você também é importante
No processo de cuidar de alguém com Alzheimer, muitas vezes nos perdemos de nós mesmos. As rotinas mudam, as prioridades se voltam todas para o outro e, aos poucos, vamos deixando nossos gostos, nossas vontades e até nossa identidade de lado. Mas é preciso lembrar que você também é importante e precisa cultivar momentos ao lado de outras pessoas, pois isto também deixa o processo mais leve.
Anular-se não é o caminho
Amor não é sinônimo de se anular. Ao contrário do que muitos pensam, se esvaziar completamente para cuidar de alguém pode ser um caminho perigoso. A sobrecarga emocional, o cansaço extremo e o isolamento não ajudam ninguém, nem você, nem a pessoa que você ama. Preserve seus momentos, suas amizades, sua individualidade. Respeitar seus próprios limites é também um ato de amor, consigo e com o outro.
Você não precisa carregar tudo sozinho
É comum sentir que a responsabilidade é só sua. Que ninguém entende tão bem quanto você, que não dá para descansar, que sair um pouco seria abandono. Mas isso é um engano silencioso que vai minando sua força. Você não precisa carregar tudo sozinho. Abrir espaço para amigos, aceitar ajuda, conversar sobre o que sente, tudo isso é essencial. Ter uma rede de apoio, mesmo que pequena, muda tudo.
A presença que cuida
Há uma diferença entre estar presente e estar esgotado. Cuidar de alguém exige entrega, mas essa entrega precisa vir de um lugar que ainda esteja inteiro. Se você se abandona completamente, chega um momento em que já não consegue mais oferecer presença verdadeira, só exaustão. Não se anule achando que isso é amor. Amor também é saber quando parar, quando pedir socorro, quando tirar um tempo para respirar. A presença que realmente cuida é aquela que respeita seus próprios limites.
O amor não exige sacrifício total
Existe uma ideia muito antiga de que amar é se sacrificar por completo. Mas isso não é verdade. O amor real, maduro e saudável não exige que você desapareça para cuidar do outro. Ele pede presença, sim, mas também equilíbrio. Não se anule achando que isso é prova de amor. Provar amor é estar ali com o coração inteiro, não com o corpo cansado e a alma ausente. Preserve sua saúde, sua identidade, seus laços com o mundo. O cuidado não precisa ser prisão. Pode — e deve, ser vivido com dignidade, companhia e apoio.
Cuidar também é se permitir viver
Cuidar de alguém com Alzheimer é um ato de amor diário, mas isso não significa que você precise deixar de viver. Seus dias não podem se resumir apenas ao sofrimento, à rotina pesada, ao cansaço. Você também tem uma história em andamento. Você também precisa sorrir, descansar, se divertir, estar com quem ama. Não se culpe por buscar momentos só seus. Você não está sendo egoísta. Está apenas nutrindo a si para continuar cuidando com mais força e mais ternura. Porque quem se permite viver, cuida melhor. E viver é seu direito, mesmo em meio à dor.
Não esqueça do seu valor
No meio da rotina de cuidado, o cuidador não pode esquecer de si mesmo. Você tem valor, merece ser cuidado e reconhecido. Cuidar do outro não deve significar se anular. Reservar tempo para si, respeitar seus limites e valorizar suas emoções é essencial para continuar forte e presente também para si mesmo. Pois, nesta caminhada, é necessário sempre estarmos bem tanto fisicamente quanto emocionalmente.
Não se anule: O cuidado em manter sua vida viva
Cuidar de alguém com Alzheimer não significa esquecer de si. Muitos cuidadores acabam se anulando aos poucos, deixando de se alimentar bem, se arrumar ou viver momentos com outras pessoas. Mas é possível cuidar com amor e ainda assim manter sua vida ativa. Encontrar equilíbrio é essencial para preservar sua saúde emocional e continuar presente com qualidade. Você também tem uma vida que merece ser vivida com carinho, atenção e dignidade. Não se esqueça de você.
O poder da rede de apoio no cuidado com quem tem Alzheimer
Ter uma rede de apoio é essencial para dividir as responsabilidades do cuidado. Quando o paciente é pai, mãe ou avô, é importante que filhos e netos se unam, reconhecendo todo o amor que receberam e se unindo para cuidar de alguém que possui uma importância enorme na vida de cada um deles. A presença de todos alivia a carga emocional e torna o cuidado mais humano, acolhedor e compartilhado.
Referências:
< Alzheimer’s Association – Caregiver Stress
< Ministério da Saúde – Manual do Cuidador da Pessoa Idosa com Alzheimer
< Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz) – Apoio ao Cuidador
< Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia – Sobrecarga e qualidade de vida de cuidadores de idosos com Alzheimer
< Organização Mundial da Saúde (OMS) – Dementia: a public health priority